Da ida ao cemitério...

quinta-feira, novembro 10, 2016

Hello hello :)
Faz hoje uma semana que vos escrevi um post a dizer o quão triste o 2 de novembro é para mim mas pouco adiantei e gostava de falar um pouco sobre isso...

A minha avó faleceu no dia 02-11-2000, tinha eu 9 anos, era uma criança. Lembro-me como se fosse hoje como a minha mãe ficou triste, como chorou, como a cara dela mudou... Eu, quis ir ao funeral, quis porque sempre fui uma miúda decidida e não queria deixar passar a oportunidade de me despedir da minha avó, mesmo que na altura nem tenha sabido bem o que era isso... Lembro-me de no final da missa a minha mãe me ter perguntado se queria dar um último beijinho à avó e eu, corajosa que sou, não quis... Tive medo, pensei vou dar um beijo à minha avó e ela não reage e isso assustou-me. Era uma criança! Hoje em dia arrependo-me tanto de não lhe ter dado aquele beijinho, mas não tinha sequer a noção que não a voltava a ver. Pobre inocência.

Já passaram 16 anos desde que ela partiu é mesmo ao fim de 16 anos relembro a voz dela, relembro como ela recebia toda a gente bem em casa, como me preparava as castanhas cozidas que eu tanto gostava (e que nunca mais voltei a comer porque não sabem às da minha avó), como era carinhosa comigo e com os meus primos (Filipe e Cátia)... Lembro-me de tudo tão bem e com um sorriso enorme no rosto.

Apesar de tudo eu odeio ir ao cemitério, é algo que me faz recordar os dias tristes que a minha vida já teve (os funerais dos familiares). Quando a minha mãe vivia no país ia todas as semanas assear a campa da minha avó, mas desde que foi viver para fora que ninguém vai lá, nem mesmo eu, porque simplesmente em 9 irmãos que a minha mãe tem ninguém se preocupa é eu não me sinto bem em ir ao cemitério.
Apesar de estar fora, todos os dias 2 de novembro a minha mãe pedia a alguém da família para ir lá assear a minha avó.

Este ano a minha mãe pediu-me a mim para ir lá e eu, não consegui recusar, claro. Odeio ir lá sozinha mas desta vez tinha de ser.
Fui às flores durante a tarde e lá fui ao cemitério, por volta das 16h, hora que calculei que estivesse vazio ou sem ninguém ou com pouca gente pois uma hora depois, mais ou menos, seria noite. Entrei e estavam 2 senhoras no cemitério (enorme), enchi o recipiente da agua, apanhei um paninho e dirigi-me à campa da minha avó. Mal cheguei junto dela os meus olhos encheram-se de lágrimas, mal olhei para a foto dela foi inevitável, chorei, chorei muito... Estava toda a tremer, nervosa, agitada e a chorar. Foi a primeira vez em 16 anos que fui sozinha à campa da minha avó. Desembrulhei as flores novas, retirei umas secas que lá estavam (que não faço ideia quem colocou) e comecei a decorar a jarra da melhor maneira que consegui, com muito carinho mas com muita falta de jeito própria de quem nunca o tinha feito. Enquanto fui arranjando a jarra fui chorando, fui pedindo à minha avó que me ajudasse, que ajudasse a minha família e sobretudo que protegesse as minhas mães e não as deixasse partir cedo porque eu não ia aguentar... Inconscientemente falei com a minha avó e entre lágrimas e tremores senti-a ali comigo...

Foi dolorosa esta minha ida ao cemitério mas neste momento sinto necessidade de voltar lá com mais frequência. Talvez esta semana ainda volte lá.

Desculpem o desabafo... 

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20 comentários

  1. talvez tenhas encontrado uma forma de matar a saudade!

    Um beijinho querida :)

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    1. Já perdi dois avós e não fui ao funeral de nenhum deles por opção. Tenho a última memória deles com vida e não preciso de mais. Na nossa família não há esse hábito de ir tratar das campas e colocar flores ou ir ao cemitério. Vivemos a morte de alguém continuando a falar e a contar histórias dessa pessoa, mesmo que já tenham passado anos.:)

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    2. Adorava ser assim... porque faz-me sofrer imenso ir ao cemitério :/
      Beijinho

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  2. Eu sei o que sentes. Perdi as minhas avós com a mesma idade que tu, muito próximas uma da outra. O avô da parte da minha mae nunca conheci, já tinha morrido quando nasci. O meu avô da parte do meu pai morreu quando eu tinha 3 anos e, acredita, tenho muitas lembranças dele, da voz não mas lembro-me de ele me pegar ao colo, de me abraçar, de olhar pra mim na cama e eu sentir medo porque sabia que ele iria partir cedo. Caramba...lembro me tão bem. Crescer sem ele foi muito doloroso, tão doloroso que até me é difícil perceber porque eu era mesmo muito pequena e lembro me tanto dele.
    O meu avô deixou me alguns pertences que fez questão que viessem pra mim e ele tinha 2 filhas. O meu avô amava-me muito e eu amei-o toda a vida até hoje, é dele que sinto mais falta, com quem falo quando estou sozinha, tenho muitas músicas que ouço e que são pra ele. Fui algumas vezes ao cemitério cheguei a sentar me na pedra mármore da campa e chorar compulsivamente, eram momentos difíceis esses. Mas depois deixei de poder lá ir porque... A minha mediunidade começou a desenvolver-se. Ir ao cemitério é puro suicídio pra mim, eu passo o mês todo de novembro a sofrer por causa das coisas que vou captando no ar de pessoas que já partiram (e mais não digo que se não fica aqui um comentário too creepy ahahahahah) mas isto pra te dizer k entendo o k sentes, k é difícil, mas nunca te esqueças k os laços do amor são eternos e nem a morte os quebra. Um dia voltarás a vê-la, poderás abraça-la e relembrar as castanhas que ela tão bem fazia pra ti.

    Beijinho minha querida
    www.blogasbolinhasamarelas.blogspot.pt

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    1. O teu comentário deixou-me com um nó na garganta... Não é nada fácil, mas temos de aprender a lidar com isto.
      Um mega beijinho

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  3. Sinto muito pela tua perda. Também perdi o meu avó quando tinha 12 anos, e foi muito doloroso, apesar de já estarmos à espera. São alturas que nos deixam com o coração muito apertado.
    Beijinhos*
    Confissões de uma Pecadora

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    1. é mesmo... e por mais que a gente diga que estamos à espera, que estamos preparados....
      Beijinho**

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  4. Como te entendo Ana.. Só quem perde entende e foi me impossível ler e não chorar porque é exactamente o que eu passo quando vou visitar o meu pai e a minha avó, mal chego junto à praia campa as lágrimas ganham vida a e caem desalmadamente com vida própria, e dói tanto por todo o corpo e alma lembrar o quanto eles foram para nós e não podermos mais viver junto deles. Passe tempo que passar a saudade vai estar sempre presente, e por consequência andor também.. É inevitável mas de certeza que a tua avó está imensamente orgulhosa de ti e te continuará a guiar!

    Beijinho
    Beleza De Mulher e Mãe
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    1. Olá minha querida :) Obrigada pelo teu comentário. É realmente muito triste... Quantos de nós não davam tudo para ainda manter algumas pessoas por cá, quantos? Pois... :(
      Um mega beijinho e obrigada pelo comentário.

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  5. Fizeste-me chorar. Sabes que mesmo crescidinha, que a minha avó não me deixou assim há tanto tempo eu fui ao funeral mas não a quis ver. Porque quis guardar a imagem dela viva. Acho que é melhor assim.

    Beijinhos grandes,
    Sofia

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    1. É tramado... Muito tramado. Achamos sempre que estamos preparados para tudo e olha... :( Resta-nos lembrar as coisas boas :)
      Um mega beijinho

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  6. Percebo-te perfeitamente. Passaram-se nove anos desde que a minha tia morreu e eu ainda me falha o coração quando lá vou. Eu lembro-me sempre dela, mas é muito pior quando lá vou. Até me faltam as forças!
    THE PINK ELEPHANT SHOE // MEGA GIVEAWAY DE NATAL //

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    1. É bom perceber que não sou a única a sentir-me assim
      Beijinho e força :)

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  7. Olá Minnie me! Sou nova por aqui, conheci o teu cantinho à pouco tempo e como gostei tanto dele todas as semanas passo por cá a ver as novidades.

    Este blog é o espelho da mulher humilde, simpática e trabalhadora que és e sinceramente desejo-te tudo de bom! Mas não pude ficar indiferente ao ler este post, eu felizmente tenho os meus 4 avós vivos mas sei que eles, tal como todos nós, não são eternos e cada vez que penso nisso fico com um nó no coração e choro muito só de pensar nisso.

    Nasci e cresci numa aldeia os meus pais trabalhavam até tarde e foram os meus avós que me criaram, ora um dia ía para casa de uns ora outro dia ía para casa dos outros, eles foram, sem sombra de dúvida, um grande pilar na minha vida e educação. Por isso tenho um pouco a noção da grande dor que estás a sentir e deixo-te um grande beijinho de força e conforto por esta dor que nem o tempo sabe curar.

    Catarina Sousa

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    1. Olá Catarina :)
      Fico muito contente que gostes de vir cá e sobretudo que venhas todas as semanas :D Obrigada
      A primeira frase do segundo parágrafo do teu comentário deixou-me muito contente, com uma lagriminha no canto do olho...
      É uma dor grande, apesar de já terem passado 16 anos e a dor ser mais pequenina, claro, mas é como digo, a ida ao cemitério é que mexe muito comigo :(
      Um grande beijinho e obrigada pelo teu comentário super lindo.

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  8. ainda nunca fui sozinha, mas já perdi a minha bisavô, a minha madrinha e mais recentemente um tio e o meu avô. Confesso que nunca fui ainda sozinha às campas, mas mesmo as mais aintigas é inevitável não chorar 90% das x em que lá vou...
    Muita força !

    http://arrblogs.blogspot.pt/#

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    1. Foi terrível, é terrível e vai continuar a ser sempre terrível... :/ Beijinho*

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